domingo, 1 de julho de 2012

Liberdade.

          Não sei mais o que faço. Esta dúvida vem me corroendo desde o momento em que meus sonhos cairam. Tudo foi esmurrado, literalmente. Só a lua agora me faz companhia.

          Olhando para todo este imenso campo vejo vários destes brinquedos. Todos feitos para crianças. Nunca em minha vida tive tamanha vontade de poder voltar a brincar.

          Andando sem rumo meu corpo me guia para, talvez, o único lugar que se compara a meus sentimentos. Acabei entrando no labirinto de espelhos. Para onde olho, me vejo. Os espelhos olham para todos os lados. Onde os espelhos não enxergam ele me persegue. Ele é meu medo. Ele é aquilo que destruiu meu futuro. Ele era meu futuro. Ele não está mais aqui. Foi-se para não voltar. O amor ainda existe, mas presença não.

          Mal consigo continuar andando. A dor está se tornando insuportável. Não pelo lado sentimental, mas porque realmente dói. Ele me bateu, e não foram tapas de brincadeira, foram socos e chutes. Caio no chão, e vejo que os espelhos não alcançam o teto. Será o céu minha única fuga?

          Com dificuldade, e apoiando em um dos espelhos, me levanto. Este agora está sujo com um pouco de sangue. Mas espalhado em meu corpo há muito mais do que um humano poderia perder. A este ponto a maior parte já se secou.

          Este sangue não veio de mim. Após a surra só me restou ódio e dor. Não me controlei. Com a própria faca que ele portava consigo o esfaqueei. O cortei de cima a baixo. Pensei que isso me libertaria, e fez totalmente o contrário. Só me sentia cada vez mais e mais presa. Agora é tarde para me desculpar.

          Finalmente saio do labirinto. Luzes e sirenes se aproximam. Era a polícia. Minha decisão tinha que ser tomada. A faca, ainda depois de tudo, estava em minhas mãos. Quem imaginaria que uma palavra como faca poderia tomar o lugar da palavra destino.

          Eles começaram a entrar, e quando me viram vieram correndo. Em um único instante pensei em o que aconteceria se fosse pega nesse momento. Talvez cadeia, talvez hospício. De qualquer forma não poderia deixar que me prendessem mais.

          Minha decisão foi tomada. Com um movimento rápido, antes que me alcançassem, perfurei meu pescoço. Todos ali presentes se desesperaram, mas não tinha mais volta. Minha visão começava a embaçar e sentia meu último suspiro chegar. Talvez agora finalmente estivesse livre.

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